quarta-feira, 16 de maio de 2012

Eternal woman


O post anterior "aconteceu" porque eu vi a Margarida. Vinte anos depois. E ela fez-me pensar em todas as mulheres que passaram na minha vida.

Era assim uma rapariga como a da foto. Olho azul, loira, sardenta. Um ar estupidamente doce. E no entanto com uma personalidade tão vincada e decidida.

Foi a Margarida que, um dia, se chegou ao pé de mim, num final de tarde, e me perguntou "queres curtir comigo amanhã"? (não faço ideia como se chama hoje à coisa mas o curtir é coisa que qualquer filho dos "seventies" reconhecerá a expressão e lhe deixará um sorriso na cara).

Tinha deixado de brincar com os meus "playmobil" e com o "He-man e os seus senhores do Universo" não fazia muito tempo e havia ali uma certa fragilidade emocional em mim. Aceitei na hora, ávido de carinho e de algo que substituisse o espaço vazio que havia no meu coração. Fi-lo sem pensar.

Até que, durante o jantar, o pensamento "Ela vai de certeza querer dar uns linguados. EU NUNCA DEI UM LINGUADO!!" me trespassou a cabeça. E isso provocou-me suores frios. Como resolver este berbicacho em que me tinha metido? Nunca fui no entanto, apesar de toda a minha timidez, de tremer perante desafios colocados por mulheres. Resolvi então "treinar". Uma, duas, dez vezes beijei as costas da minha mão (técnica tão decadente e nojenta como proveitosa) como se esta fosse a mulher da minha vida (e até acabou por o ser, algumas vezes, na adolescência).

No dia seguinte, durante o primeiro intervalo, a coisa deu-se. Não o foi, com toda a certeza, mas soube-me como se tivesse sido o melhor beijo do mundo. Ela provavelmente também achou porque me perguntou, no fim do dia, se eu queria namorar com ela. Coisa que fizémos durante uma semana. Depois fomos cada um à sua vida, de bem um com o outro. A Margarida não é nem nunca foi um daqueles casos de que falava no post anterior. A ela sempre tratei como merecia.

Ficámos amigos, muito amigos, os três anos seguintes em que partilhámos as mesmas salas de aula. Depois perdi-lhe o rasto. E nunca mais a vi. Até à semana passada. E foi maravilhoso revê-la. E relembrar estes momentos.

2 comentários:

  1. gostei da partilha, Back. não és de textos grandes, mas olha que tens estilo para isto ;)

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  2. Eu sou assim nAn......uma gajo cheio "da" estilo.......;) (obrigadoooooo:D)

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